Uma História Descrita em Três Fases.

Bem, trabalho com natação para crianças há 12 anos e sempre fui apaixonado por minha profissão, é muito gratificante realizar um trabalho no qual eu posso ter como prêmio o sorriso sincero de uma criança, além de poder acompanhar e contribuir para um melhor desenvolvimento psicomotor, afetivo e social. O elo é tão intenso que acabo de certa forma fazendo parte da família de cada um  dos meus alunos e isso faz com que os meus carinhos e cuidados sejam redobrados, o "Tio Klayton" não pode falhar.

O mundo da criança é um mundo encantador cada um com seu próprio universo, sempre gostei de desafios e não existe nada mais desafiador do que você trabalhar com um "Ser" no qual você não faz idéia se ele vai corresponder com seus planos ou expectativas. Este foi o ponto crucial para que eu resolvesse me especializar na natação para Autistas.

O início.

Nunca passou por minha cabeça trabalhar com Autistas ou com qualquer outra Síndrome, o Autismo apareceu em minha vida como uma doce surpresa, quiçá um presente divido, foi a oportunidade para eu me tornar um pessoa melhor.

O Encontro.

No meio a tantas crianças observei que um aluno meu  apesar de fisiologicamente normal tinha hábitos diferentes dos demais, a princípio sugiram várias perguntas e não consegui identificar o que havia de errado, ele falava pouco ou quase nada, não gostava de brincar com os coleguinhas, não suportava toque, às vezes parecia que não me ouvia ou não queria ouvir, não identificava ordens e parecia desconhecer o perigo totalmente o que não é muito normal em crianças daquela faixa etária na prática da natação, então analisando todo aquele processo e sem achar respostas cheguei a conclusão que neste caso eu também corria perigo,  me veio aí a primeira fase.

 _Poxa vida, vou falar com os pais desta criança não da mais para continuar...

Contudo como já citei antes gosto de desafios e resolvi tentar ficar com ele mais um pouco nas minhas aulas, mais não obtive resultados nenhum. Foi  então que resolvi pesquisar e descobri que meu aluno era um "Espectro Autista", li e reli várias vezes, pesquisei mais sobre o assunto, entretanto pouco compreendi daquele novo universo que acabará de descobrir fiquei ilhado sem saber o que fazer, mesmo com tantos anos de experiência eu não tinha idéia de como agir, aí surgiu a segunda fase.

_Poxa vida, sinto muito mais vou desistir...

Só que isso não resolveria o problema, pois a minha desistência não seria só por um aluno de natação que eu não conseguia compreender, mais sim a minha desistência seria por uma criança que a pesar de todos os obstáculos vivenciados no seu dia-a-dia esta sempre lá nas aulas, sorrindo, brincando e feliz. Eu não poderia nem tinha o direito de fazer isso com ele,  foi quando voltei a estudar sobre o assunto e só consegui compreender um pouco quando resolvi fazer por AMOR, mergulhei num mundo novo e encantador, cheio de cores, luzes e cheiros, foi aí que começou a terceira fase.

_Poxa Vida, vou me especializar...

Obrigado a Deus pela escolha e a vocês peixinhos por existirem.